terça-feira, 17 de setembro de 2013

Quer? Diga-o!

Hoje a reflexão que proponho é sobre algo que considero ser tipicamente português. Talvez esteja errada e, se por aí houver quem tenha uma perspetiva diferente, agradeço que partilhe para expandir o meu entendimento!

Ora eu acho que típico de uma mentalidade portuguesa é esconder o que mais desejamos. Seja por que motivo for, e conheço pessoas diferentes que evocam motivos diferentes, a verdade é que por norma ninguém anda por aí a partilhar os seus sonhos. Ás vezes dizem-me que é por serem "ridículos" (na opinião dos próprios), outras por serem demasiado irreais ou impossíveis (isso existe?), outras ainda com medo da opinião dos outros ou do que é que os outros vão achar deles (eles, os sonhos, e eles pessoas).

Vamos aos exemplos:
Se alguém disser: "o meu sonho é conhecer o mundo" - o julgamento dos outros poderá ser - "até parece que tens dinheiro para isso..." ou "bem, quem fala assim não é gago"
Se alguém disser: "o meu sonho é montar uma empresa - o julgamento dos outros poderá ser - "ui, não te metas nisso, não sabes que estamos em crise?"
Se alguém disser: "o meu sonho é conhecer o príncipe encantado" - o julgamento dos outros poderá ser - "isso não existe"
Se alguém disser: "o meu sonho é correr uma maratona" - o julgamento dos outros poderá ser - "tu? tu nem sequer corres 10 minutos" ou "tu? isso não é para ti"
Se alguém disser "o meu sonho é tirar a licenciatura Z" - o julgamento dos outros poderá ser "para quê? para ires para o desemprego? ou "já não tens idade para isso".

Sempre que alguém disser: "o meu sonho é x", vai haver sempre alguém que desvaloriza, que questiona, que é "realista" (pessimista?), que nos quer "chamar à terra" ou que, querendo ajudar, nos deita os sonhos por terra para não nos magoarmos quando não conseguirmos.

E isto dava bem "pano para mangas", por um lado poderíamos abordar a questão de "quem nos quer bem", nos querer proteger. Por outro podemos considerar a perspetiva de quem prefere não contar, para não ver "abalados" os seus sonhos.

Explicada esta perspetiva, lá vem então a conclusão de que, seja porque motivo for, preferimos não contar ou partilhar os nossos sonhos.

E qual a consequência disso?
Não falando neles, guardando-os para nós, os sonhos vão sendo pouco alimentados, vão perdendo força com o tempo.
Por outro lado, se os partilharmos, se falarmos deles, se os alimentarmos, damos-lhes mais vida, uma carga emocional maior. No fundo, tornamo-los um bocadinho mais reais, porque existem não só no nosso pensamento mas também na nossa linguagem e no nosso corpo (a nossa expressão facial e corporal quando verbalizamos os nossos sonhos altera-se! nunca viram os o "brilhozinho" nos olhos de alguém que fala dos seus sonhos?).
Damos-lhe um nome, atribuímos um sentimento, e fazemo-los crescer. Além disso, assumirmos perante os outros que temos esse sonho, torna-nos mais responsáveis por ele. As pessoas vão-nos perguntando o que temos feito por eles e vão-nos apoiando quando damos pequenos passos em direção ao que sonhamos.


posto isto, a minha proposta de hoje é: quer? diga-o! Partilhe com os outros, torne-o mais real!

Boas reflexões,

quarta-feira, 11 de setembro de 2013

O regresso das férias

Parece que durante as férias o blog entrou em modo de hibernação. Afazeres, compromissos, responsabilidade diminuíram a disponibilidade para escrever mais frequentemente. Menos tempo para estar ao computador a escrever.

A propósito da falta de disponibilidade (ou falta de tempo) diziam-me esta semana que o tempo faz muita falta hoje em dia. Concordo. E discordo. O tempo é literalmente o que fazemos com ele.

Já contactei com pessoas que, no meio dos seus mil e um projetos conseguem ser mães/pais, esposas/esposos, ter vida social e ser felizes. Da mesma forma que já contactei com pessoas que, tendo menos projetos dizem não ter tempo para nada.

Já a minha avó sabiamente dizia que "o tempo é igual para todos" todos temos 24 horas por dia. Ninguém tem o dom de o fazer esticar, como ninguém tem o poder de o fazer diminuir. Reconheço que às vezes gostaríamos de ter esses poderes. Quando algo nos desagradasse (como o tempo de espera em algum local ou o tempo que faltam para as próximas férias, etc.) faríamos o tempo andar mais depressa. E, da mesma forma, quando algo nos agradasse sobremaneira (como os fins-de-semana, as férias, os momentos de lazer, etc.) faríamos o tempo andar mais devagar. Ora, apesar de tentador (neste momento) não conheço ninguém capaz de o fazer, nem com conhecimentos suficientes para arranjar tecnologia que o faça. Portanto, o tempo é o que temos e é mesmo igual para todos.

Então porque é que parece que para umas pessoas estica e para outros encolhe?

Talvez seja pela forma como encaramos as coisas que fazemos no nosso tempo. Se nos agradam, se nos envolvem, se nos atraem, se são importantes para nós, o tempo que lhes dedicamos é maior, mais aproveitado, e conseguimos mesmo "roubar" tempo a outras coisas (para nós menos importantes). Se não são assim tão importantes ou prioritários vamos empurrando para o fundo da "lista de coisas a fazer" até ao ponto em que não temos mesmo tempo disponível para elas.

Agora cabe a cada um de nós, sem julgamentos de valor, refletir o que é importante para si em cada momento da sua vida. E deixo isto bem claro, porque o que é importante para nós hoje, poderá já não o ser amanhã. Ou vice-versa. E depois de percebermos o que é mesmo importante para nós, colocarmos num lugar de topo nas coisas a fazer - para que o tempo para isso surja de facto na nossa agenda diária!

O que é importante para vocês?

Boas reflexões,

JS

P.S. A falta de tempo para actualizar o blog nas férias também assim se justifica. Porque garanto que o tempo nas férias foi bem aproveitado. Mas entre mergulhos e praia, visitas a sítios novos, passeios, cinema, jantares com amigos, colocar as leituras em dia, ouvir música, praticar exercício físico e ter finalmente aqueles cafés tantas vezes adiados, o "actualizar o blog" ia sempre descendo na lista de prioridades. Mas justificada a ausência, pela atratividade de tudo o resto, estou de volta!